8 de junho de 2008

Só sei que não sei o que me vem pela frente.


Eu não sei como vai ser a despedida: será que vou entrar no aeroporto chorando feito criança ou será que estarei aparentemente tranqüila, levando as poesias de Fernando Pessoa pra ler no vôo Brasília-Lisboa? Não sei onde vou morar: se vai ser num apartamento novo de uma velha senhora ou numa casa velha cheia de gente nova. Eu não sei qual vai ser minha impressão da cidade: se vou achar tudo muito diferente do que já vi ou se vou me relembrar das cidades portuguesas que conheci. Eu não sei qual vai ser o nível do mestrado: se terei que passar horas a fio, madrugadas adentro na biblioteca ou se vai dar tempo de ir até nas discotecas. Não sei se vou querer ficar em contato constante com vocês: ou se vou preferir me distanciar para me proteger e ir a procura de novas amizades, de lugares onde me sinto acolhida pra pra poder, um dia, dizer se vejo a possibilidade de construir minha morada em outro lugar que não a Pátria amada. Não sei quando venho à minha cidade natal: se virei sempre nas férias de agosto ou se vou morrer de desgosto de não poder vê-los tanto quanto gostaria.

Como vai ser chegar em casa sem ouvir minha mãe escutando blues? Como vai ser almoçar nos finais-de-semana sem a companhia do meu pai? Vou morar com chilenas e italianos ou polacas e mexicanos? Será que vou aperfeiçoar o meu português e voltar falando: "estás a falar"? Será que vou poder ligar para as minhas amigas daqui quando precisar? Será que finalmente vou aprender a gostar de pastel de Belém? E será que vou me apaixonar por alguém?

Não sei quando volto! Se venho a passeio ou pra ficar... será que vou conseguir um emprego por lá? Só sei que a hora é agora. Que eu preciso ir. E que irei aberta a novas pessoas e possibilidades...

Só sei que meu coração está contente de não saber o que me vem pela frente.


“Vou imprimir novos rumos

Ao barco agitado que foi minha vida

Fiz minhas velas ao mar, disse adeus sem chorar (mentiiiiiira! =)

E estou de partida (...)

Quero viver diferente

Que a sorte da gente

É a gente que faz"

(Novos rumos - Paulinho da Viola)


Foto: Eu na Torre de Belém (Lisboa) - vendo a vida passar...