7 de abril de 2009

Feijoada completa

Eu estava esperando passar os meus 24 anos em Barcelona. Mas pra passagem ser completa, tinha que ter feijoada, sol à vista, caipirinha, muito samba e pessoas especiais. Ah mas só? Era um sonho, neles entram tudo, fazer o quê? Entra a cidade nova e os prazeres antigos, não dá pra ser? Bem, na época mesmo não deu não. O Edu, meu amigo português do master, desde já, quando comecei a perguntar sobre casas de samba em Barcelona, me advertiu: “- Ô Ju, mas você acha que a francesa, a canadense e a nossa colega da Moldávia vão gostar de ir pra um samba???” Tá bem, Edu, sei que você odeia samba e concordo contigo que é bom pensar nos convidados quando a heterogeneidade é significativa e muito bem-vinda. No final, o que importa é que comemorei duplamente e estive em contato com as pessoas mais especiais de muito e de pouco tempo.

Até que, quando eu menos esperava, na semana em que uma almejada viagem havia sido cancelada - por razões não muito bem divulgadas, é verdade - minha amiga brasileira Sabrina me disse que iria rolar feijoada com samba e caipirinha na casa dela no final-de-semana!!! Já me prontifiquei a ajudar no preparo mas a Sá disse: “Ju, fica tranquila que no sábado a gente toma conta do samba. Quem vai pra cozinha dessa vez é o Mateus!”

Um pouco atrasadas devido a troca de chaves das visitas que tinha em casa, Liça e eu chegamos por volta das 16h no evento. Espanha, Brasil, França, Canadá e Venezuela representavam a amostra daquela turma que tomava cerveja e conversava sobre esterótipos, papo típico quando a turma é internacional. Depois que passamos pra caipirinha o tema mudou eu não me lembro bem porquê. O assunto da vez era grafologia. Um espanhol amigo do Mateus tinha feito um curso nessa área e começou a explicar que as pessoas que escrevem ocupando mais a parte superior das linhas são mais sonhadoras, vivem no mundo da lua e mais planejam do que concretizam. Já aquelas que dão mais peso às letras abaixo das linhas são tão proativas que mal sabem o que é esperar. Existem ainda os mais comedidos, que encontram um equilíbrio, e ainda aqueles que exageram tanto nas letras acima quanto naquelas abaixo da linha. Eu fiquei discreta, rindo baixinho porque tenho um blog de sonhadora mas as pernas dos meus “J”s e“G”s costumam alcançar 2 ou até 3 linhas láaaa de baixo… Será que isso quer dizer mesmo alguma coisa?

A conversa ao longo daquela deliciosa tarde de sábado me fez lembrar não apenas de Feijoada completa. Chico, desculpe, eu sei que estava a criticar a forma passiva como aquele pedreiro levava a vida e eu também discordo, lembra do meu primeiro post do ano? Mas é que a menina das letras de longas pernas não quer fazer planos nem a curto nem a longo prazo. A cidade escandalosa que não pára tem me ensinado tanto a esperar... E eu ando penseira como nunca... Não sei se é por causa da saudade de esperar o sol, o trem, o carnaval ou o mês que vem...

O convite a feijux foram preparados pelo Mateus. Ambos ficaram ótimos!