Pensar no futuro envolve relembrar o passado. Nessa época de tantas mudanças, de conclusão de uma fase e início de outra, tenho recordado frequentemente alguns momentos inesquecíveis da minha infância.
As cantigas de ninar que as minha tia Socorro cantava pra mim me tocam até hoje e, quando aparecem na minha memória, eu sinto uma sensação boa... uma mistura de cheiro de mar com balanço de rede.
A cantiga do Sabiá era uma entre as mais cantadas por ela:
"Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho
voou voou voou voou
Juliana que gostava tanto do bichinho
chorou chorou chorou chorou
Sabiá fugiu pro terreiro
foi cantar no abacateiro
Juliana triste a chorar:
- Vem cá Sabiá, vem cá!
Sabiá responde de lá:
- Não chores que eu vou voltar".
Hoje, Juliana responde de cá: Não voltes se quer ficar.
Amar outrem é querer vê-lo feliz, independente do caminho que ele encontrou para a felicidade.
Quando eu morrer, quero que todos os meus órgãos sejam doados. E que minhas cinzas sejam jogadas sobre o mar em frente à casa azul e branca da tia Socorro (Tibau do Norte - RN).
Pensar do futuro envolve imaginar todas as situações que estão por vir.