O que desejar à minha família e amigos no ano que está por vir?! Ontem, antes de dormir, estive a lembrar de algumas reflexões que fiz nos últimos meses aqui em Coimbra, no meio de tantas aulas, de tanta saudade, preocupações com prazos e trabalhos, no meio de tantas novidades e novas amizades. E cheguei a uma conclusão: desejo que você, leitor-amigo, sinta-se Agente no ano que está por vir e que, ao agir, respeite suas Atitudes.
“ - Calma lá” – diria um amigo meu português. “Explique melhor essa ideia aí, ô pá!”
É claro que a cultura brasileira difere bastante da portuguesa, principalmente nas formas de tratamento, de se expressar, de abordar as pessoas, de trocar afectos… Mas, achei interessante perceber que alguns traços culturais deles se assemelham aos nossos. Não são apenas os brasileiros que se atrasam. Aqui as aulas costumam começar alguns minutinhos depois, em média 15, e isso tem até nome: quarto de hora académico. “- Professora, nossa reunião vai começar na hora?” Ela esboça um sorrisinho e diz: “- Vai, com o quarto de hora académico”. E não são apenas os brasileiros que furam fila. Nas cantinas (nossos RUs), já cheguei a ver entrar 5 rapazes de uma só vez. Tinha uma senhora atrás deles e eu perguntei a ela " - A senhora viu isso?” e ela me respondeu “- É sempre assim…”. Corrupção?! Universidades que se transformam em fundações?! Centros académicos com baixa representatividade?! Montanhas de papéis jogadas fora todos os dias na xerox da Faculdade?! É, na Universidade com mais de 700 anos, algumas práticas se assemelham ao que vemos naquela idealizada por Darcy há menos de 50 anos. Pois é... mas, mais triste que ver isso acontecer, é ouvir o que alguns portugueses me disseram quando sugeri: " - E se tentássemos diminuir os atrasos, falar com aqueles que furam fila, combater a corrupção, separar mais tempo de dedicação à nossa representação académica e enviar os papéis a centros de reciclagem?": “- Ah, mas por quê eu?! Eu sou apenas mais um…”
Eu almejo às pessoas que amo que, se o possuem, deixem o comportamento passivo de lado. Que não se vejam como mais um. Mas sim como um. Um que vive com vários outros e que pode influenciar outros e mais outros... Desejo que sintam-se agentes. Se pode transparecer muita prepotência pensar em agentes do mundo, que tal agentes da comunidade, do prédio onde moram, da universidade onde estudam? Falta-nos acreditar mais no poder de transformação das pequenas acções do dia-a-dia, falta-nos acreditar que nossa forma de agir encoraja, pelo menos, aqueles que estão ao seu redor, e que, podem até ser poucos, mas são especiais. Sejamos agentes: nem que seja apenas na nossa própria casa.
Outro aprendizado que carreguei muito comigo este ano – e acredito que todos os mestrandos passam por isso – foi saber dar nome aos fenómenos. Um bom psicólogo social, educacional ou do trabalho precisa saber a diferença entre competência e conhecimento. Entre habilidade, capacidade e aptidão. Entre comportamento, atitude, crenças e valores. São diferenças ténues, mas que existem e não podem ser ignoradas, muito menos confundidas com as noções do senso comum. Um conceito que me chamou atenção foi o de atitude. Ser uma pessoa de atitude, como dizemos no dia-a-dia, é uma pessoa que age, como dizíamos a pouco, que sabe o que quer e procura alcançar.
No entanto, para a psicologia, a atitude é um construto que envolve aspectos cognitivos e consequências comportamentais, mas, antes disso, são formadas e guiadas por um componente afectivo, emocional. Consistem em demonstrações de preferências ou aversões para certas actividades, objectos ou pessoas. Quando escolho escutar samba a fado, utilizar o dinheiro que guardo em viagens ao invés de compras, votar em um candidato ou outro, sinalizo minhas atitudes. Para alguns, elas envolvem crenças e valores pessoais, embora estes sejam normalmente mais gerais, enquanto atitudes são mais específicas e orientadas para certas finalidades.
Por fim, meu segundo e último desejo para o ano que está a caminho, é que vocês fechem os olhos e lembrem-se de tudo que os tocam emocionalmente, em tudo que vocês sonham fazer, alcançar, realizar que não conseguiram neste ano que ficou. Aprendi este ano que caso nós não separemos o nosso tempo para o que nos dá prazer, ninguém o vai fazer por nós. São muitos interesses em conflitos, é sempre muito trabalho a ser feito, nós somos cada vez mais responsáveis pelo nosso futuro profissional incerto e volátil, é verdade. Apenas não devemos nos esquecer que também somos responsáveis pela busca do que nos faz bem. Muitas pessoas estarão sempre na torcida, desejando, de muito ou pouco longe, que sejamos felizes... mas decidir, agir e viver com o coração aberto... isso, só cada um de nós pode fazer.
Que 2009 seja mais surpreendente - para melhor - do que esperamos e que seja um ano fruto das nossas acções e carregado de emoções.
“ - Calma lá” – diria um amigo meu português. “Explique melhor essa ideia aí, ô pá!”
É claro que a cultura brasileira difere bastante da portuguesa, principalmente nas formas de tratamento, de se expressar, de abordar as pessoas, de trocar afectos… Mas, achei interessante perceber que alguns traços culturais deles se assemelham aos nossos. Não são apenas os brasileiros que se atrasam. Aqui as aulas costumam começar alguns minutinhos depois, em média 15, e isso tem até nome: quarto de hora académico. “- Professora, nossa reunião vai começar na hora?” Ela esboça um sorrisinho e diz: “- Vai, com o quarto de hora académico”. E não são apenas os brasileiros que furam fila. Nas cantinas (nossos RUs), já cheguei a ver entrar 5 rapazes de uma só vez. Tinha uma senhora atrás deles e eu perguntei a ela " - A senhora viu isso?” e ela me respondeu “- É sempre assim…”. Corrupção?! Universidades que se transformam em fundações?! Centros académicos com baixa representatividade?! Montanhas de papéis jogadas fora todos os dias na xerox da Faculdade?! É, na Universidade com mais de 700 anos, algumas práticas se assemelham ao que vemos naquela idealizada por Darcy há menos de 50 anos. Pois é... mas, mais triste que ver isso acontecer, é ouvir o que alguns portugueses me disseram quando sugeri: " - E se tentássemos diminuir os atrasos, falar com aqueles que furam fila, combater a corrupção, separar mais tempo de dedicação à nossa representação académica e enviar os papéis a centros de reciclagem?": “- Ah, mas por quê eu?! Eu sou apenas mais um…”
Eu almejo às pessoas que amo que, se o possuem, deixem o comportamento passivo de lado. Que não se vejam como mais um. Mas sim como um. Um que vive com vários outros e que pode influenciar outros e mais outros... Desejo que sintam-se agentes. Se pode transparecer muita prepotência pensar em agentes do mundo, que tal agentes da comunidade, do prédio onde moram, da universidade onde estudam? Falta-nos acreditar mais no poder de transformação das pequenas acções do dia-a-dia, falta-nos acreditar que nossa forma de agir encoraja, pelo menos, aqueles que estão ao seu redor, e que, podem até ser poucos, mas são especiais. Sejamos agentes: nem que seja apenas na nossa própria casa.
Outro aprendizado que carreguei muito comigo este ano – e acredito que todos os mestrandos passam por isso – foi saber dar nome aos fenómenos. Um bom psicólogo social, educacional ou do trabalho precisa saber a diferença entre competência e conhecimento. Entre habilidade, capacidade e aptidão. Entre comportamento, atitude, crenças e valores. São diferenças ténues, mas que existem e não podem ser ignoradas, muito menos confundidas com as noções do senso comum. Um conceito que me chamou atenção foi o de atitude. Ser uma pessoa de atitude, como dizemos no dia-a-dia, é uma pessoa que age, como dizíamos a pouco, que sabe o que quer e procura alcançar.
No entanto, para a psicologia, a atitude é um construto que envolve aspectos cognitivos e consequências comportamentais, mas, antes disso, são formadas e guiadas por um componente afectivo, emocional. Consistem em demonstrações de preferências ou aversões para certas actividades, objectos ou pessoas. Quando escolho escutar samba a fado, utilizar o dinheiro que guardo em viagens ao invés de compras, votar em um candidato ou outro, sinalizo minhas atitudes. Para alguns, elas envolvem crenças e valores pessoais, embora estes sejam normalmente mais gerais, enquanto atitudes são mais específicas e orientadas para certas finalidades.
Por fim, meu segundo e último desejo para o ano que está a caminho, é que vocês fechem os olhos e lembrem-se de tudo que os tocam emocionalmente, em tudo que vocês sonham fazer, alcançar, realizar que não conseguiram neste ano que ficou. Aprendi este ano que caso nós não separemos o nosso tempo para o que nos dá prazer, ninguém o vai fazer por nós. São muitos interesses em conflitos, é sempre muito trabalho a ser feito, nós somos cada vez mais responsáveis pelo nosso futuro profissional incerto e volátil, é verdade. Apenas não devemos nos esquecer que também somos responsáveis pela busca do que nos faz bem. Muitas pessoas estarão sempre na torcida, desejando, de muito ou pouco longe, que sejamos felizes... mas decidir, agir e viver com o coração aberto... isso, só cada um de nós pode fazer.
Que 2009 seja mais surpreendente - para melhor - do que esperamos e que seja um ano fruto das nossas acções e carregado de emoções.